terça-feira, 21 de abril de 2015

E NA HORA DE IR EMBORA?

 Fomos desafiadas a pensar nas nossas ações cotidianas, nos momentos em que passamos com as crianças. Nossa primeira reflexão recaiu sobre a hora que a criança vai embora, assim, passamos dias pensando nesse momento, o que fazemos nessa hora:
      *Acompanhar a criança até a porta;
      *Conversar com a família;
      *Despedir-se da criança;
      *Relatar algo que a criança fez durante o dia.
Mas daí, verificamos  que nossas ações para esse momento são pensadas muito antes e que ao longo das semanas as modificamos para adequarmos aos movimentos das crianças.
Então, tudo começa após ao jantar (lá pelas 16 horas)... Enquanto as crianças estão no refeitório, uma das educadoras volta para a sala e prepara o ambiente, arrumando um cantinho especial, colocando no chão um baú com objetos variados, ou revistas, ou tecidos, há também vezes que o cesto tem alguma fruta diferente para experimentarmos (teve lima, uva dedo-de-dama, ameixa, bergamota), enfim... Quando as crianças chegam na sala se envolvem com diversas brincadeiras e objetos e assim vamos realizando as ações que poderíamos chamar de rotineiras. O que diferencia esse momento são os diálogos, as trocas entre as crianças e também entre as educadoras. Varias vezes entramos num pequeno "grupo de estudos", falando da melhor maneira de trocar as fraldas, de fazer a higiene das mãos, de ações que demonstram mais cuidado para com os pequeninhos. Quando estão todos prontos (fralda trocada, roupa limpa), vamos dando mais atenção a cada criança. Um colinho apertado, um cafuné com uma musiquinha cantarolada ao ouvido, e até o arrumar os cabelos (as crianças também gostam de arrumar os cabelos das professoras!), vão deixando-as menos ansiosas pela espera dos seus familiares.

A salka fica assim no final do dia!

Arrumando o cabelo da "profe"
Colinho apertado! Coisa boa!!!!
E tudo valeu muito a pena!!!!

SOBRE O PLANEJAMENTO E O TAPETINHO DA VOVÓ

O planejamento e o registro reflexivo nos fazem pensar mais sobre os detalhes, nos favorece de modo em  que tudo o que pensamos  possa de alguma forma vir parar aqui (no diário do professor, no livro da criança, nesse blog!), sendo vivido também por quem lê. Explico: Num planejamento enxuto, tabelado, burocrático, como apareceria o "tapetinho da vovó"? Como daríamos a ele a devida importância? Não inserimos o tapete como uma "atividade", mas como uma ação/intervenção, e isso  foi tão importante que sua observação faz-se imensamente necessária! Tanto para escrever sobre isso, pensamentos voam longe.... Mas vamos para o tapete! rsrsrsrsrsr
Ele foi feito pela minha avó, que se ofereceu para fazer quando me escutou falar de como a sala estava fria, daí ela me contou que já tinha feito uns tapetes para a escola perto de onde morava há alguns anos atrás... Eu trago muitas lembranças da minha infância com esse tipo de tapete (lembro de ajudar a fazê-lo, lembro de brincar com bonecas em cima dele, de tentar fazer sequência de cores, etc.).
Não achei que o tapete despertaria tanto nas crianças, a primeira reação deles foi se jogar em cima, deitar, rolar, depois  com o tempo foms percebendo os movimentos: uma das crianças escondia carrinhos nos fios de tecido, outra se deitava e alisava os retalhos (imagina que sensação gostosa!), muitos buscavam pelo tapete para as brincadeiras  mais solitárias, enfim...
Para nós educadoras/observadoras/experimentadoras o tapete é:
*um recanto/espaço
*importante herança cultural
*espaço de sensações
*ponto de encontro
*local de convites ("deita aqui no tapetinho")
 
P.S.:
1) Das últimas notícias sobre o tapete:quando saí da Emei Raio de Sol, fui "obrigada" pelas colegas Luísa e  Carla, à deixá-lo como herança... Será que ainda existe?
2) Tenho que fazer mais tapetes com a minha avó, passar mais tempo com ela e oferecer a "sensações do tapetinho" para mais crianças...
 
Tempo bom, valeu a pena registrar!!!!