domingo, 19 de junho de 2011

FINAL DE GREVE

"Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção" 
                         Geraldo Vandré

     Desde quarta-feira quando escrevi o último post referente à GREVE em Esteio, sentei várias vezes na frente do computador para responder a todos que deixavam seus comentários...Escrevia e apagava....Escrevia e apagava... Nessas horas recebia sábios conselhos: "não responde, você lançou o desabafo tem que respeitar as diversas opiniões, mesmo que não concorde". E assim fiquei, uma expectatora do impacto das minhas palavras.       
     Sempre que tinha a oportunidade gerenciava o blog, lendo os novos comentários e contando os visitantes... Muitas vezes as palavras fortes me martelavam na cabeça. Dificil recebermos criticas, ainda mais quando temos a plena convicção que estamos certas, que estamos na luta por um ideal, fazendo a história ser diferente. Também me perguntei (enquanto apitava na frente da prefeitura, enquanto cantava palavras de ordem pelas ruas da cidade, enquanto segurava cartazes fazendo um apelo para a nossa atual administração) o que me fazia seguir um movimento que não sabia onde terminaria, o que me constituia enquanto  cidadã descontente mas não acomodada? E daí muitas recordações: passeata Fora Collor, protesto pela falta de professores e pelos baixos salários dos mesmos desde minha 8ª série até o final do meu curso Normal... Assim, enquanto eu aderia à Greve, enquanto caminhava pelas ruas da cidade alertando a população sobre o que acontecia na nossa administração, enquanto refletia sobre os rumos do movimento, em nenhum momento esquecia dos MEUS ALUNOS, ao contrário, estava ali por eles...
     Fiquei feliz com algumas reflexões perante alguns comentários (tanto aqui pelo blog, quanto nas ruas de Esteio durante o movimento de Greve):
* Meu trabalho não é uma obrigação! Já pensaram numa pessoa ser obrigada a ficar numa sala com 16 crianças durante o dia inteiro??!
*Reivindicar tudo o que queremos nunca é demais! Explico: Durante 6 anos, conversamos e ouvimos a promessa da redução de 32 horas para 30 horas. Não acoplamos mais um item nessa greve, esse impasse já existia há anos, conversar não adiantava mais... Não esquecendo ela foi uma promessa de campanha!
*A greve se caracteriza pelo não atendimento... Não há greve de ônibus, com ônibus circulando normalmente...Esse é só um exemplo....
*Essa era uma luta que ia além da questão salarial e a todo momento lembravamos:
Qualidade
Dignidade
Respeito
     E agora a poucas horas de retornar ao trabalho, digo a quem ainda não sabe: 
TERMINAMOS NOSSA GREVE!
     E terminamos com bons acordos e com uma união nunca antes vista na cidade! Espero que nosso governantes lembrem-se disso na hora em que pensarem em passar por cima das opiniões de seus funcionários! Muito obrigado às colegas que aqui deixaram seus comentários, muito obrigado às mães e pais que por aqui passaram! Espero que possa eu continuar recebendo a visita e os comentários de vocês! 
A transformação começa no ato de OUVIR!

Não estávamos em sala de aula, mas pelas ruas da cidade!
 


quarta-feira, 15 de junho de 2011

GREVE EM ESTEIO!

    Quem acompanha esse blog sabe que escrevo somente práticas referentes as turmas de Berçário, não o utilizo como um diário pessoal, ou um lugar de reclamações e afins...Mas sinto tanta falta de um... Então aqui, hoje, venho desabafar com vocês um pouquinho da situação dos professores de Esteio/RS e em particular dos professores da Emei Raio de Sol.
     Enquanto profissionais da educação infantil estamos dentro de carga horária de 32 horas semanais (6 horas diárias + 2 horas de reuniões semanais). Há anos que lutamos para retirar essas duas horas que nos fazem trabalhar à noite ou aos sábados . Essas duas horas também nos impedem de trabalhar em outros municipios ( e com o nosso atual salário, somos obrigadas a ter um segundo vínculo empregatício), isso porque a maioria dos estatutos municipais prevê que um professor só poderá  acumular a carga horária de 60 horas semanais de trabalho. Daí cito meu exemplo: estou prestes a ser chamada num concurso de 30 horas na cidade onde moro e com um salário bem atrativo, mas apesar disso estou há sete anos convivendo com a comunidade da Raio de Sol. Me sinto bem lá, lá sou feliz com o que faço... enfim... Mas devido a carga horária de 32 horas e não 30, vou ter que escolher.... E assim, muitos outros profissionais já fizeram essa escolha e nesse momento o salário vem antes, porque é dele que provemos o nosso sustento, os nossos livros, os nossos estudos.
     Nesse momento todos os professores de Esteio estão em GREVE, e nossa parada não é somente por questão salarial, mas por questão moral. Que diálogo aberto temos com a prefeitura se o prefeito a todo momento diz que não tem espaço em sua agenda para conversarmos, que cidade humana é essa que faz com que uma escola seja inaugurada e funcione há quase dois anos sem estar devidamente mobiliada? Será que para uma boa educação basta quatro paredes e um professor dentro? Onde estão nossas formações? 
     Lembro com saudosismo os anos em que pelo menos uma vez a cada dois meses reuniam-se todos os professores de Berçário, Maternais, Jardins... Onde víamos as práticas de outras colegas, onde teorizavamos a nossa prática... Por vezes abriam-se vagas pra cursos que eram pagos pela Prefeitura (Simpósio da IENH... Esse ano paguei por minha conta 110 reais para participar do evento. Dinheiro bem investido, mas que em outros anos era proporcionado pela prefeitura, pelo menos uma vaga para cada escola de educação infantil...).
      Não vejo as assessorias de educação infantil perto do nosso trabalho, não conversam, não se interessam sobre o que mais queremos. E como pode uma assessoria de um município não conhecer as práticas  do cotidiano da educação infantil. As vezes parece que tanto faz se seu trabalho é bom ou ruim... E é sempre assim... Tanto faz...
     E o que me faz balançar na hora de decidir se devo sair de um grupo como o que tenho na Raio de sol é justamente esse. Aqui não é TANTO FAZ. Aqui estamos sempre em busca de uma melhor educação, de um melhor ambiente para os pequenos, de uma melhor formação, de uma melhor prática, de melhores relações. Aqui estagiário planeja junto, faz junto, acontece junto e aposto que se nesse momento elas pudessem também estariam em Greve, porque um governo que os coloca para trabalhar firmando que o estagiário é importante na escola porque está a aprendendo a profissão, mente. Mente porque fala isso na hora de contratá-lo, mas quando o estagiário chega na escola descobre que ele é apenas um auxiliar do professor,  que não tem direito a planejar com o professor, que não precisa (pq não tem direito) participar de reuniões pedagógicas e entre outros absurdos que só desqualificam a prática do professor e do estagiário.... ARGH....
   E meu grupo (meu pq estou inserida nele) faz diferente.... Só nos sabemos como é importante estarmos juntas, nos unindo, nos defendendo, aprendendo, desaprendendo... 
SENHOR PREFEITO:
    Qualidade na educação não se refere a números. Mas se eles são tão importantes preste atenção no número do valor do meu ticket alimentação.... preste atenção na quantidade de horas diárias que eu trabalho dobrando turno e sem o direito a dedicação exclussiva que outros profissionais irão ganhar. Como pode uma preofessora que trabalha 11 horas por dia ganhar o mesmo ticket alimentação de uma professora que trabalha 6 horas. E como pode uma professora com duas matrículas (6 horas + 4 horas) ganhar dois tickets alimentação (  R$11 reais e R$ 5,50 ), enquanto  que os profissionais que fazem Regime Especial de Trabalho ( e são várias) ficam o ticket de alimentação de R$ 11 reais. Trabalho numa escola de periferia não tem um bom restaurante por perto... Mas quando resolvo comer num restaurante do Centro  meu ticket não cobre o valor da refeição.... E assim ficamos... Mas tanto faz, não é? Fico na escola até as 19 horas da noite e a prefeitura só me "ajuda" com o almoço. Teoricamente para o prefeito que me "ajuda" mensalmente, numa jornada de trabalho de 11 horas eu só preciso de uma refeição...
     Por isso, estamos em Greve e vamos continuar até que nos seja dado o devido respeito e a devida valorização!
Colegas da Raio de Sol fazendo a diferença na paralização do dia 08/06.Amo vocês, e me orgulho de permanecer nesse grupo!
 E adiante!

O QUE DIZ NOSSA SALA?

     Nosso túnel de papelão não aguentou muito tempo... Estamos tentando fazer outro porque ele era proporcionador de inúmeros jogos entre os bebês. Assim, no seu lugar trouxemos "a caixa grande", que havia sido confeccionado pela profª Amanda em 2010 para o Berçário 1.
     A piscina de plástico furou! No seu lugar inserimos um saco com bolinhas (esses sacos de cobertores com fechos). E assim vamos indo, inserindo, retirando, olhando o que os bebês nos dizem sobre essa sala e seus brinquedos/brincadeiras.
Saco cheio de balões. Também colocamos dentro dele bolinhas coloridas e até papel picado.
Brenda sentada na "caixa grande"! Por vezes os bebês se reunem para pular e dançar em cima dela... Também carregam-na para todos os cantos da sala.